Nem sei por onde começar!!!

Ah! Pois é....

Nem sei por onde começar....

Comecei este ano, (que para mim começa a 8 de Janeiro), um pouco tristonha, é difícil aceitar a partida, e continuar a viver o dia-a-dia com essa impossibilidade de poder ver, sentir, cheirar, brincar... é !!!

Deixar a pessoa ir... e ficar só com as memórias é um conceito diferente, é uma verdade absoluta da qual não há retorno, e eu, que amei o meu pai, acompanhei, segui os seus passos, chegou a hora de me despedir, é complicado fazer o luto, é difícil!

Eu sei que ele estará sempre comigo, que eu sou parte dele, pois sou sua filha, sou o prolongamento da sua vida e isso dá-me mais responsabilidade, dá um outro sentido à vida, ontem estava a pintar e dei comigo a pensar, pai fica descansado pois eu cuido da mãe, é como se eu fosse agora a primeira da linha... mas como escrevi no início, comecei o ano, fazia um mês que o pai tinha partido, havia uma missa pelo o meu pai, comecei bem disposta, mas depois comecei a ficar triste, e mais triste, e mais triste, não aguentava tanta tristeza, tentei dormir não consegui, engomar mas também não consegui.

Foi então que decidi ir para ao pé do meu rio... e lá fui com a música nos ouvidos,
E... Chorei! Chorei! Chorei todo o caminho, desde minha casa até aos Jerónimos, Chorei, cantei, recordei, enfim...

Coloquei todos os sentimentos numa garrafinha e atirei-a ao rio, quem sabe alguém a encontre e chore comigo, quem sabe se não será o meu pai...

A seguir à missa tínhamos um jantar em casa da mãe, estivemos os seis filhos, os netos que estavam cá, faltou a Mamem que está em Espanha.

Ah! É verdade, a São está cá desde o dia 7 de Janeiro e vai-se embora no dia 21 de Janeiro, jantamos, a mãe acendeu a lareira e lá estivemos... nem sempre muito contentes, mas lá seguimos com a vida, com alegrias, risos, e algumas tristezas, lá se passou mais um ano, mais um dia.

Tirei uma semana de férias para poder estar com a São, fomos a casa da tia Mizá lanchar, a casa da tia Suzete e a da tia Zé, almoçar, a semana passou a correr, este ano dei-me uma prenda, um curso de “escrita criativa” e no sábado dia 12, era o dia da primeira das três sessões que se repartem pelos meses de Janeiro, Fevereiro e Março...

Foi fantástico, foi uma turma muito gira, eu consegui ser o que sou, foi uma nova forma de escrever, com minutos contados... é difícil, mas foi uma experiência muito enriquecedora, não cheguei a nenhuma conclusão acerca de se terei alguma criatividade para escrever, mas foi muito gratificante, (depois escrevo mais acerca deste dia), e depois de terminar o curso, o Francisco foi-me buscar de mota.

Estava em conversa com uma colega de curso, quando chegou o meu rebento de mota, e disse-me que lhe apetecia dar uma volta de mota e gostaria de companhia, perguntou-me se estava cansada e se queria ir com ele... disse-lhe que sim, que iria com ele, mas que tinha que ir buscar a casa roupa mais quente e deixar as “tralhas” a casa.

Assim foi, perguntou-me onde queria ir, sugeri a Praia Grande, a qual ele nada disse, e lá fomos a casa, e arrancamos de mota.
Lembro-me do vento a bater-me na cara no corpo, e do pensamento voar como a mota... ia livre...a pensar no curso e o que iria escrever mais tarde, eu tinha ficado de enviar os e-mail da turma, e queria ir a correr contar-vos os meus sentimento referente ao curso.

Pensei! Pensei! Estava muito contente, e era bom não falar com ninguém, pois assim estava selvagem... a velocidade da mota acompanhava a velocidade do meu pensamento, a certa altura ele deu meia volta e parou num parque a lua estava lindíssima, um quarto crescente fantástico, comentamos e admiramos a lua tudo estava perfeito, arrancamos para ir ver um restaurante que lhe tinham falado antes colocou gasolina na mota, lá fomos para o dito restaurante, eu que estava cheia de frio, assim que cheguei pedi um chá e uma tosta mista, perguntei ao Francisco se queria comer algo, a qual ele me respondeu que não.

Ah! Quando fomos a casa eu disse para o Nuno que lhe faria umas costeletas, porque não sabia a que hora chegava, ele disse-me que não tinha fome e que depois faria quando lhe apetecesse, e assim foi.

As chamadas para a Joana sucediam-se umas atrás uma de outras, a certa altura disse-lhe:
- Pucha! Francisco nunca me tinha sentido a terceira pessoa...
- Oh! Mãe não diga isso, mas é que a Joana vem de Massamá e eu gostava de estar com ela ainda hoje e gostava de ver o outro restaurante que o tio do tainha falou, para eu ir com a Joana, a mãe vai a comer a tosta pelo caminho, comemos a meias a tosta a mãe bebe o chá a correr.
Eu disse-lhe:
- Tem paciência filho, mas não vou a comer para outro restaurante, se quiseres ir adiantando vai tu ver o restaurante, enquanto eu como aqui a minha tosta mista... além disso a Joana está em Massamá e pelo menos meia-hora leva a chegar dá tempo para comer.
- Mas mãe, a mãe nem sonha, o pai da Joana anda a 180 km, já estão quase em Lisboa, não quero ir sozinho aqo restaurante, quero saber a sua opinião, vá lá mãe! Por favor! Só lhe peço isso, vamos a comer pelo caminho...Está bem?
- Não! Francisco não me peças isso...

Olho para o lado e vejo o Pedro da Rosarinho, do lado de fora do restaurante, disse-lhe adeus e chamei-o, perguntei-lhe:
- O que fazes aqui?
- Olha! Venho jantar com uma amiga!
- O que? Vens o quê?
- É! Disse-me ele, e se quiseres apresento-te...

Eu nem estava a acreditar no que me estava a suceder, só queria sair dali, e a tosta chegou num prato com batata frita, salada, molho... eu queria sair daquele filme, foi horrível, não sabia o que fazer, o Pedro foi à casa de banho e o Francisco disse-me:
- Mãe tem que dizer à tia Rosarinho...
- Eu não vi nada, nem quero ver, não quero saber, come metade da tosta e vamo-nos embora quero sair daqui...

Estava aflita sem saber o que fazer, era preciso ter uma lata...pensava eu!!! Como é que ele tinha coragem de fazer aquilo...

Bom, acho que nem me despedi do Pedro, estava eu a sair do restaurante quando aparece o João da João, eu nem queria acreditar, sei que pensei, -este restaurante é onde eles trazem as “amigas”- Meu Deus, mas o João nem me deixou pensar muito, começou a falar muito, a dizer que tinha vindo do Porto e que a João estava à espera dele algures num restaurante dali, e quase me arrastou para um restaurante mais à frente, o restaurante tinha umas escadas, e eu que estava super nervosa com a cena do Pedro, disse vão vocês ver se a João está lá, que eu fico aqui a fumar um cigarro, o João continuava a dizer palavras “feias”, ao que comentei vê-se bem que vieste do Porto, pucha... só sabes dizer palavras feias?, depois creio que me apagou ou eu apaguei o cigarro, nem sei muito bem, subi à frente dele para ver se encontrávamos a João...

Olhei para todos os lado e a João não estava, como ele estava com pressa, ainda perguntei, isto para o Francisco, se existia mais alguma sala, o homem do restaurante disse-me não, mas que tinha ali uma sala onde estava a decorrer uma festa...
- Quer ir ver?
– Não!

Eu não queria ver sala nenhuma!!! já só queria encontrar a João.

Mas subitamente... nem sei muito bem como... Fui empurrada para dentro da sala, que estava apinhada de gente, a primeira cara conhecida que vi foi a Maria da Rita, Meu Deus, não sei o que senti, estava muito nervosa, aqueles minutos anteriores tinham-me consumido, e só via caras conhecidas a Cristina Almeida a Ana Faria o Miguel, a Margarida da Manuela a Joana, os manos, os sobrinhos, a mãe, a Rita o Iorgos, a Catarina, o João do João, a Isabel Pisco, a Paula, a Adelaide, a Ana Luísa, a Josi, a Leninha o Tomás, o meu Nuno e a Rosarinho o Miguel, e claro a João... não sei o que senti, nem como passei do estado “angustiado” para o “eufórico”, mas que passei, passei, não cabia em mim... Tinham-me organizado uma festa acho que foi a primeira vez que tinha tido uma festa surpresa... e eu minha folha querida, eu passei esse dia como há muito não passava.

Queres saber o que se passou?
Pois vais ter que esperar... pois só amanhã contarei o que se passou no dia 12 de Janeiro de 2007, mas com direito a fotos... eu contei 34 pessoas, não sei se me enganei a contar mas uma coisa é certa, fui enganada por todos sem nada desconfiar... se tivesse juntado os pequenos indícios...mas não, e sabem porque? Porque eu já tinha feito anos, essa pagina já tinha virado, só vos digo mais uma coisa, esta festa, vim a saber, já estava marcada a partir do Canadá, desde Dezembro, e eu nada desconfiei, todos sabiam, falei com todos e ninguém se descaiu... Sou mesmo bem enganada...
CM