segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Poema das Coisas


" Poema das coisas

Amo o espaço e o lugar, e as coisas que não falam
O estar ali, o ser de certo modo,
o saber-se como é, onde é que está, e como,
o aguardar sem pressa, e atender-nos
da forma necessária.

Serenas em si mesmas, sempre iguais a si próprias,
Esperam as coisas que o desespero as busque.

Abre-se a porta e o próprio ar nos fala.
As cortinas de rede, exactamente aquelas,
A mesa, o copo, a chávena, o relógio,
O móvel onde alguém permanece encostado
Sem volume e sem tempo,
Nós próprios, quando os olhos indignados
Nas pálpebras se encobrem.

Põe-se a pedra na mão, e a pedra pesa,
Pesa connosco, forma um corpo inteiro.
Fecha-se a mão, e a mão toma-lhe a forma,
Conhece a pedra, estende-lhe o feitio,
Sente-a macia ou áspera, e sabe em que lugares.

Se fosse o amor dos homens
Quando se abrisse a mão já lá não estava. ”

Retirado do livro :
“poemas escolhidos” de António Gedeão
(pg 89)

2 comentários:

Verinha disse...

"O silêncio é de ouro, a palavra é de prata!"
...esse antigo provérbio chinês!

*1beijinho de bom dia

Cristina disse...

A laranja de manhã é de oiro;
à tarde prata;de noite mata....
Quanto ao outro acho que não é bem assim??? há qualquer coisa com ao silencio e a palavra... mas não me entra muito bem como o disseste....

Jinhos gordos.
CM